Não subestime o mainstream.
Em 1999, Stephen Chbosky estreou na
literatura com “The perks of being a wallflower”, um romance epistolar sobre o
começo da adolescência e tudo o que vem junto dela. O sucesso foi estrondoso.
Em 2012, o livro foi adaptado para o cinema com roteiro escrito pelo próprio
Chbosky e astros juvenis como Logan Lerman (Percy Jackson), Emma Watson (Harry
Potter) e Ezra Miller (We need to talk about Kevin) no elenco.
Em 2012, eu estava no último ano do Ensino
Fundamental. Quando fiquei sabendo da mais nova febre entre meus colegas de classe,
não pude ser mais cético. Um filme com a Hermione e o Percy Jackson chamado “As
vantagens de ser invisível”? Perda de tempo.
Em 2014, eu estava no segundo ano do Ensino
Médio, vivendo os conflitos – interiores e exteriores – diários e extremamente
desgastado por isso. Foi aí que o livro chegou às minhas mãos. Li, ainda que um
pouco receoso, e foi uma experiência inexplicável. Depois disso assisti ao
filme por 4 ou 5 vezes.
Não subestime o mainstream.
“As vantagens de ser invisível” livro tem
como protagonista Charlie, um adolescente solitário (daí o “wallflower”) com um
histórico de problemas psicológicos às vésperas de ingressar no Ensino Médio.
Sua jornada torna-se mais prazerosa quando ele conhece Sam e Patrick, dois
veteranos “da ilha dos desajustados”. A partir daí, dá-lhe festas, drogas,
música, brigas e reconciliações. A narrativa de Charlie é cativante por ser um
mergulho profundo na mente de um adolescente lutando para lidar com os
perrengues dessa fase da vida.
“As vantagens de ser invisível” filme tem
uma relação interessante com o romance. Por Stephen Chbosky estar envolvido em
ambos, inspiração e adaptação complementam-se muito bem. A inspiração é
obviamente superior, mas o filme merece ser visto e revisto pelas passagens que
diferem do romance, e vice-versa.
Um elemento essencial da trama é a música.
A história se passa no início dos anos 1990, logo as mixtapes são uma constante
e o rock alternativo está se apossando do seu trono de direito. Por isso, a
trilha sonora da película é recheada de hinos hipsters (“Teenage Riot” do Sonic
Youth, “Asleep” dos Smiths, “Pearly-dewdrops’ Drops” do Cocteau Twins) e alguns
hits improváveis (“Tugboat” do Galaxie 500, “Low” do Cracker, “Dear God” do
XTC), sem mencionar as incursões por décadas anteriores com “Come On Eileen” do
Dexy’s Midnight Runners e “Heroes” do David Bowie. Uma coletânea digna de
Charlie, sem dúvidas.
Recentemente reli o livro e as emoções
foram as mesmas que senti na primeira leitura. Acredito que todo mundo que já
foi adolescente alguma vez na vida se identificará com a sensibilidade
aflorada, o sentimento de não-pertencimento, o sentimento de pertencer a algo,
a rebeldia, o amor, enfim, a vida de Charlie.
E, nesse momento, seremos infinitos.
Obrigado, Stephen Chbosky, Emma Watson,
Logan Lerman e Ezra Miller. Obrigado a quem me emprestou o livro no segundo
ano, e obrigado à livraria em que pude comprá-lo e relê-lo para reviver uma das
melhores experiências que já vivi. Quanto a quem não leu/assistiu, faça-o. Por
favor.