quarta-feira, 11 de novembro de 2015

UMA MÚSICA DE CADA DISCO: Pearl Jam


Aproveitando que o Pearl Jam desembarca essa semana no Brasil para cinco shows (dia 11 em Porto Alegre, dia 14 em São Paulo, 17 em Brasília, 20 em Belo Horizonte e encerrando no Rio de Janeiro no dia 22) promovendo seu mais recente disco, Lightning Bolt, lançado em 2013, fiz esta matéria especial passando a limpo a discografia do grupo. Para isso escolhi aquela que julgo ser a canção mais representativa de cada disco. Menções honrosas inclusas!

“Black” – Ten, 1991





















Qualquer desavisado que for ouvir o disco de estreia do Pearl Jam sem saber do que se trata, provavelmente irá confundí-lo com uma coletânea de sucessos, tamanho o número de hits contidos ao longo de suas 11 faixas. E neste caso, foi impossível fugir do óbvio quando estamos falando de uma das mais belas canções de todos os tempos, que é “Black”. A enigmática letra escrita por Eddie Vedder, exclamada em uma performance impecável – principalmente na versão acústica gravada para a MTV – se tornou um hino da juventude dos anos 1990. Ouça também: “Oceans”, “Porch”, “Once” e “Alive”.


“Go” - Vs., 1993





















Uma verdadeira pancada que abre Vs., segundo disco lançado pelo Pearl Jam em 1993. O riff, tocado inicialmente no baixo e “engrossado” logo em seguida pelas guitarras de Stone Gossard e Mike McCready, é um dos mais pesados de todo o cardápio da banda, com um clima bastante escuro e até mesmo oriental (provavelmente uma influência stoniana de “Paint It Black”). É seguramente a abertura de disco mais impactante já feita pelo Pearl Jam, que aliás é especialista em fazer grandes aberturas de álbuns (alô, Stones novamente). Ouça também: “Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town”, “Rearviewmirror”, “Daughter” e “Animal”.


“Spin The Black Circle” – Vitalogy, 1994

Confesso que foi extremamente difícil escolher apenas uma música deste que considero o melhor disco desta trinca inicial. Ao assumir o controle criativo, Eddie Vedder não poupou experiementalismos, tornando Vitalogy um álbum bastante diversificado. Fiquemos aqui com “Spin The Black Circle”, segunda faixa e provavelmente a mais punk já feita pela banda (ao lado de “Lukin”, é claro). Possui uma interessante letra pró-vinil (inclusive no encarte do CD está escrito “CD: Bad Acid ” ao lado da letra - risos). Ouça também: “Last Exit”, “Corduroy”, “Better Man” e “Not For You”.



“In My Tree” – No Code, 1996





















Se Vitalogy já causou um certo estranhamento entre os fãs mais ortodoxos, No Code foi o auge. Longe dos holofotes, o disco ficou mais restrito àqueles que se dedicavam a ouvir a fundo a discografia da banda. Porém, ao meu ver, é um disco essencial e extremamente maduro, tendo em vista que de meados dos anos 1990 em diante o rock mainstream foi ficando cada vez mais diluído e mastigado. Incluisive, para quem acompanha o trabalho da banda ao vivo, várias canções de No Code são presença obrigatória nos set-lists. “In My Tree” é uma das músicas que eu tenho maior carinho de toda a carreira do Pearl Jam, meio surf, meio psicodélica, meio Eddie Vedder – risos. Ouça também: “Sometimes”, “Hail, Hail”, “Red Mosquito” e “Present Tense”.


“Do The Evolution” – Yield, 1998





















Aqui não teve jeito. “Do The Evolution” é sem dúvida alguma minha canção favorita, não só de Yield, mas do catálogo inteiro do Pearl Jam. O clima “garageiro” combinado com uma produção crua encaixa  perfeitamente com a espetacular letra urrada por Vedder, vide os ácidos versos: "I can kill 'cause in God I trust, yeah/It's evolution, baby". Além disso, conta com um clipe sensacional, claramente influenciado pelo trabado de Gerald Scarfe no filme The Wall. Yield marca uma volta às origens, com a banda voltando a trabalhar em conjunto na composição das canções e traz uma sonoridade mais roqueira. É o disco predileto deste que vos fala. Ouça também: “Brain Of J.”, “MFC”, “Faithful” e “No Way”.


“Light Years” – Binaural, 2000





















Binaural é uma incógnita. Primeiro disco desde de Ten que não alcança o topo das paradas. Realmente, muito estranho, tendo em vista o grande sucesso que foi Yield. Até hoje o disco é praticamente esquecido entre até os mais radicais fãs. Provavelmente seja pela falta de hits potenciais, pois o álbum como um todo é bastante interessante, lembrando No Code em alguns momentos. O destaque fica por conta da belíssima “Light Years”, com um clima setentista maravilhoso. Claramente uma das mais lindas canções já feita pelo Pearl Jam. Ouça também: “God’s Dice”, “Nothing As It Seems”, “Soon Forget” e “Evacuation”.


“Love Boat Captain” – Riot Act, 2002


Uma das mais belas letras já escritas por Eddie Vedder, “Love Boat Captain” machuca. Ainda mais sabendo que seus versos "Lost nine friends we'll never know/Two years ago today" se referem a um acidente durante um show em Roskilde, que matou nove fãs. Extreamente existencialista, assim como todo o Riot Act, a canção se enqudra perfeitamente no contexto de perda, que permeia todo álbum. Além de contar com a melhor capa feita pela banda, Riot Act é dedicado à Dee Dee Ramone, John Entwistle e Ray Brown, todos baixistas falecidos em 2002. Ouça também: “Can’t Keep”, “Bu$hleaguer”, “Save You” e “Thumbing My Way”.


“Life Wasted” – Pearl Jam, 2006





















Após um hiato relativamente longo, o sol volta a brilhar para o quinteto de Seattle. O auto-intitulado é um sopro de vida, energia e despretensão – vide a magnífica e complexa capa. É de longe o álbum mais Rolling Stones feito pelo Pearl Jam, e dá início ao que eu chamo de “trilogia ensolarada” (até o fim do texto você entenderá o sentido desta expressão). A canção eleita como destaque é  a stoniana “Life Wasted”, faixa de abertura que relembra os tempos em que o Pearl Jam costumava iniciar seus discos no volume máximo. Ouça também: “World Wide Suicide”, “Comatose”, “Parachutes” e “Marker In The Sand”.


“Got Some” – Backspacer, 2009





















Parece que a formula do disco anterior deu certo, e o Pearl Jam voltou em 2009 com mais um excelente álbum, ainda mais alto astral e mais focado. Nenhuma grande inovação, mas com tudo em seu devido lugar e com direito até a um grande hit, a balada “Just Breathe”. Porém o destaque fica a cargo de “Got Some”, com sua vibe completamente californiana. Ouça também: “The Fixer”, “Just Breathe”, “Johnny Guitar” e “Gonna See My Friend”.


“Let The Records Play” – Lightning Bolt, 2013





















Finalmente chegamos ao último disco até o momento, o grande responsável pela atual turnê, Lightning Bolt. Terceiro da minha “trilogia”, o disco fez um sucesso estrondoso, com o hit baladesco “Sirens”. A música inclusive fez muito sucesso aqui em Terra Brasilis, tocando exaustivamente em diversos meios. Boa canção, mas passa longe das grandes faixas mais introspectivas do Pearl Jam. “Let The Records Play” é o grande destaque, um blues neilyoungano com uma letra próxima de “Spin The Black Circle”. Ouça também: "Getaway", "Mind Your Manners", "Pendulum" e "Lightning Bolt".


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