A presença do grupo britânico Royal Blood nesta edição do Rock In Rio foi uma surpresa em vários aspectos. O primeiro deles é o anonimato quase unânime em relação à banda por parte da plateia que estava na Cidade do Rock no último dia 19. Este desconhecimento é claramente perceptível, levando-se em consideração que a imensa maioria do público estava lá para ver o Metallica, gigante mundial do metal, com décadas de experiência no show business. Salvo um ou outro fã do estreante grupo, ninguém ali sabia de que se tratava o tal Royal Blood.
Vendo pelo lado de Mike Kerr e Ben Thatcher (os únicos membros da banda), a tarefa de fazer o show nestas condições não era algo simples. Ter que apresentar algo novo aos fãs do Metallica que estavam no Rock In Rio não é fácil. As chances de ocorrer algo parecido com o Ghost, que foi vaiado na edição passada pelos fãs do mesmo Metallica, eram gigantescas. Porém não estamos falando de uma banda qualquer. Estamos falando dos caras do Royal Blood, e estes caras sabiam exatamente o que fazer.
A banda subiu ao palco com uma confiança surpreendente, tendo em vista a possível hostilidade do público e a estreia no festival. A partir daí, o surpreendente desfile sonoro começou. O Royal Blood conta com uma formação até então inédita para uma banda de rock: um duo de baixo e bateria. Mike Kerr usa amplificadores de guitarra e uma tonelada de pedais para extrair um som diferenciado. Apesar de muitas vezes soar como uma guitarra, claramente o que ouvimos é um baixo pesadíssimo capaz de criar riffs, solos, e até mesmo levadas rítmicas típicas de uma guitarra. Além desta inovação, temos ainda o monstruoso baterista Ben Thatcher, descendente direto de nomes como John Bonham e Ian Paice, visto seu estilo cru, pesado e cheio de groove ao tocar bateria. Tudo isso causou uma boa surpresa na plateia, que não acreditava que aquela massa sonora era feita por apenas dois músicos.
Banda de dois: presença de palco impecável
O repertório, apesar de limitado ao seu único disco de estúdio, lançado no ano passado, também foi mais um ponto a favor do Royal Blood. Fazendo um casamento interessante entre Led Zeppelin e Queens Of The Stone Age, canções como "Ten Tonne Skeleton", "Figure It Out" e "Blood Hand" foram um belo e poderoso cartão de visitas para os até então novos ouvintes. Porém a apoteose foi "Out Of The Black", música que encerrou o espetáculo, toda repleta de jams, experimentações com equipamento, mosh do baterista Ben Thatcher e até uma inclusão do riff de "Iron Man", do Black Sabbath (jogada mestra para conquistar o público do metal a esta altura do show).
Após o fim da apresentação, foi possível ouvir o público gritando o nome banda, em um óbvio tom de aprovação. O único erro foi ter escalado o Royal Blood para este dia do festival. O ideal seria o dia 24, no qual dividiriam o palco com o já citado Queens Of The Stone Age e o System Of A Down. Se isto acontecesse, o show seria considerado histórico. Mas apenas pelo fato de terem agradado uma plateia impossível de se agradar, pode-se notar que algo aconteceu. Para o bem.
Setlist:
1 - Come On Over
2 - You Can Be So Cruel
3 - Figure It Out
4 - Better Strangers
5 - Little Monster
6 - Blood Hands
7 - One Trick Pony
8 - Ten Tonne Skeleton
9 - Loose Change
10 - Out Of The Black


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