Em seu segundo álbum solo, Noel Gallagher faz um trabalho orquestradamente impecável
por José Victor
Após o fim do Oasis em 2009, o compositor e guitarrista, Noel
Gallagher decidiu montar uma nova banda para apoiá-lo no palco e seguir
carreira solo. O que de início parecia pretensioso, tornou-se algo
maravilhosamente bom com o lançamento do primeiro álbum homônimo, Noel Gallagher’s High Flying Birds, lançado em Outubro de
2011, foi recebido muito bem pela crítica, visto que, recebeu 8 de
10 da NME e 4 de 5 estrelas da Q Magazine. Ademais, o álbum, que continha uma
mistura perfeita de música pop, arranjos orquestrais e refrões de um rock muito
grudento (como o próprio Oasis tivera outrora), foi recebido muito bem pelos
fãs – numa enquete no site da Rolling Stone, cujo propósito era descobrir os 50
melhores discos de 2011, o primeiro álbum do ex-Oasis terminou em nono lugar.
Após a turnê do primeiro disco e 4 anos de espera, o segundo álbum do High
Flying Birds, Chasing Yesterday,
enfim, foi lançado em 25 de fevereiro deste ano.
Apesar de não ter sido tão bem recebido como seu antecessor pela crítica, ele
não decepciona, e marca uma fase mais experimental na carreira de Noel
Gallagher. Quase todas as músicas do álbum tem elementos bem diferentes
daqueles usados com o Oasis ou do primeiro disco do High Flying Birds:
"The Right Stuff", tem falsetes bem afinados que levam a música
a uma direção bem experimental; "Riverman", é uma música
potente e bem pop, que no seu interlúdio possui um saxofone bem do “tipo Pink
Floyd”, algo que o próprio Gallagher não imaginava não permitiria nos tempos de
Oasis - como revelou em uma entrevista recente a Rolling Stone; a balada lenta
e emotiva “The Girl with X-Ray Eyes”, de início se parece até um pouco com
“Stairway to Heaven” devido a progressão de acordes, mas depois se desenvolve
numa canção que não caberia no primeiro disco do High Flying Birds e muito
menos em um álbum do Oasis, sendo que o seu solo tem uma sonoridade muito
peculiar- algo que parece ser uma genuína mistura de um tremolo com um phaser;
The Mexican é uma mistura interessante entre power chords pesados e sopros muito bem
orquestrados.
Entretanto, Noel Gallagher ainda carrega suas raízes e experiências na
bagagem. Canções como “You Know We Can’t Go Back” e “Lock All The Doors”
poderiam muito bem entrar em discos do Oasis, ambas possuem um instrumental
mais puxado para o rock que consagrou o Oasis no anos 90 e 2000, inclusive,
“Lock All The Doors” se assemelha muito com “Morning Glory”, sucesso do (What’s the Story) Moning Glory?, de 1995 do Oasis. “In the Heat of
The Moment” com seu refrão estrondoso e uma letra digna do meu melhor
compositor da era britpop, é o ápice pop do álbum, assemelhando-se um pouco com
os hits do primeiro disco como “Everybody’s on the Run” e “Dream On”.
Por fim, o disco termina com a odisseia lírica e grandiosa de pouco mais de 5
minutos que é “The Ballad of Mighty I”, é algo que mesmo carregando uma
sonoridade próxima de outro hit dançante do Noel
Gallagher’s High Flying Birds(2011), “AKA What a Life” , ainda é uma música muito
inovadora, fazendo justiça ao fechar um disco dessa magnitude. Sem dúvida,
desde já esse disco é um dos melhores lançados neste ano, ao ouvi-lo é
impossível não notar a habilidade que tem Gallagher de moldar a suas músicas de
um modo pop, orquestrado e experimental ao mesmo tempo. Ainda que o Oasis não
exista mais, Gallagher e sua obra seguem “muito bem obrigado”.

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