quinta-feira, 9 de julho de 2015

Godspeed You! Black Emperor - 'Sweet, Asunder and Other Distress' (2015)


Em novo disco de inéditas, o octeto canadense reafirma sua peculiaridade 

Os anos 90 foram anos de renovação para a música. Muitas foram as manifestações artísticas desse período que trouxeram novos ares ao cenário e reverberam até hoje: o grunge, o britpop, o shoegaze... e o post-rock. As origens deste último vão do Velvet Underground e das bandas alemãs setentistas ao pós-punk experimental de gente como Public Image Ltd. e Gang of Four.  Pode parecer um rótulo um tanto quanto genérico – e, no fundo, é –, mas basta dar play no mais recente álbum do Godspeed You! Black Emperor, o maior expoente do subgênero, para constatar que há algo além do rock’n’roll no horizonte.

Formado em 1994 na província canadense de Quebec, o Godspeed You! Black Emperor mantém-se avesso a exposições midiáticas e, talvez por isso, se tornou um dos grupos mais cultuados da atualidade. Seu núcleo inicial contava com Efrim Menuck e Mike Moya, guitarristas, e Mauro Pezzente, baixista, mas ao longo dos anos expandiu-se até chegar à marca de oito membros. A música foi, desde sempre, instrumental. E diz muito.

‘Asunder, Sweet and Other Distress’ cessa um hiato de três anos sem material novo e matou a sede de muitos fãs. É o registro mais curto da carreira da banda, com pouco mais de 40 minutos, e suas quatro faixas tem como base a peça “Behemoth”, tocada ao vivo frequentemente desde 2012. A ordem em que foram dispostas facilita a divisão do álbum em dois momentos. O primeiro, épico e apoteótico, representado por “Peasantry or ‘Light! Inside of Light!’” e “Piss Crowns are Trebled”, primeira e quarta faixa; e o segundo, sombrio, representado por “Lambs’ Breath” e “Asunder, Sweet”, segunda e terceira faixa.


“Peasantry or ‘Light! Inside of Light!” traz consigo uma característica preponderante não apenas no Godspeed You! Black Emperor, como também em outros nomes do post-rock: a repetição. Os riffs de guitarra são repetidos por vários minutos criando uma atmosfera que, no caso desta e de “Piss Crowns are Trebled”, se transforma em pura grandiosidade. Porém, no miolo do disco o octeto renuncia às palhetadas e embarca em duas viagens estáticas guiadas por ruídos e nada mais. Recomendo fones de ouvido. 

Com ‘Asunder, Sweet...’ o Godspeed You! Black Emperor mostra a força da música instrumental em tempos tão pragmáticos quanto os nossos e diz muito mais do que diversos artistas por aí. Sem imagem pré-fabricada, sem promoção exagerada e sem o rock propriamente dito. Marcante e necessário.

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