Em novo disco de inéditas, o octeto canadense reafirma sua peculiaridade
Os anos 90 foram anos de renovação para a
música. Muitas foram as manifestações artísticas desse período que trouxeram
novos ares ao cenário e reverberam até hoje: o grunge, o britpop, o shoegaze...
e o post-rock. As origens deste último vão do Velvet Underground e das bandas
alemãs setentistas ao pós-punk experimental de gente como Public Image Ltd. e
Gang of Four. Pode parecer um rótulo um
tanto quanto genérico – e, no fundo, é –, mas basta dar play no mais recente
álbum do Godspeed You! Black Emperor, o maior expoente do subgênero, para
constatar que há algo além do rock’n’roll no horizonte.
Formado em 1994 na província canadense de
Quebec, o Godspeed You! Black Emperor mantém-se avesso a exposições midiáticas
e, talvez por isso, se tornou um dos grupos mais cultuados da atualidade. Seu
núcleo inicial contava com Efrim Menuck e Mike Moya, guitarristas, e Mauro
Pezzente, baixista, mas ao longo dos anos expandiu-se até chegar à marca de
oito membros. A música foi, desde sempre, instrumental. E diz muito.
‘Asunder, Sweet and Other Distress’ cessa
um hiato de três anos sem material novo e matou a sede de muitos fãs. É o
registro mais curto da carreira da banda, com pouco mais de 40 minutos, e suas
quatro faixas tem como base a peça “Behemoth”, tocada ao vivo frequentemente desde
2012. A ordem em que foram dispostas facilita a divisão do álbum em dois
momentos. O primeiro, épico e apoteótico, representado por “Peasantry or ‘Light!
Inside of Light!’” e “Piss Crowns are Trebled”, primeira e quarta faixa; e o
segundo, sombrio, representado por “Lambs’ Breath” e “Asunder, Sweet”, segunda
e terceira faixa.
“Peasantry or ‘Light! Inside of Light!”
traz consigo uma característica preponderante não apenas no Godspeed You! Black
Emperor, como também em outros nomes do post-rock: a repetição. Os riffs de
guitarra são repetidos por vários minutos criando uma atmosfera que, no caso
desta e de “Piss Crowns are Trebled”, se transforma em pura grandiosidade. Porém,
no miolo do disco o octeto renuncia às palhetadas e embarca em duas viagens
estáticas guiadas por ruídos e nada mais. Recomendo fones de ouvido.
Com ‘Asunder, Sweet...’ o Godspeed You!
Black Emperor mostra a força da música instrumental em tempos tão pragmáticos
quanto os nossos e diz muito mais do que diversos artistas por aí. Sem imagem
pré-fabricada, sem promoção exagerada e sem o rock propriamente dito. Marcante
e necessário.


Boa! Preciso ir atrás dessa banda urgentemente.
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